Conheça as 20 principais mudanças na versão 6 do Manual da Cochrane Collaboration para Revisões Sistemáticas

por André Ferreira Azeredo (andre@htanalyze.com)

Em outubro de 2019, a Cochrane Collaboration lançou uma nova versão do seu consagrado Manual Cochrane Collaboration para Revisões Sistemáticas e Metanálises.

Esse é um documento de referencia para a realização de revisões sistemáticas, e suas recomendações e métodos costumam ser adotados, integralmente ou parcialmente, em outros instrumentos direcionados para a busca sistemática de evidências na literatura.

Selecionamos as 20 mais relevantes mudanças na versão 6 do Manual da Cochrane Collaboration, confira a seguir:

1. Foco maior na parte metodológica, com recomendações aplicáveis para autores de revisões sistemáticas não-Cochrane.

2. Capítulos exclusivos sobre planejamento e execução de revisões Cochrane foram movidos para versão online apenas.

3. Questão PICO deve ser concebida e descrita em 3 níveis:

Nível 1: PICO da revisão sistemática em geral

Nível 2: PICO para cada síntese planejada: PICOs específicas para cada desfecho (PICOs planejadas)

Nível 3: PICO dos estudos incluídos: PICOs específicas para cada desfecho (PICOs de fato executadas)

4. Introduzido o conceito de mineração de dados e machine learning para identificação de estudos, porém não recomendam implementação como um padrão nesse momento.

5. Incentivo à vigilância das evidências, revisões sistemáticas vivas (sempre atualizadas) e de metanálises planejadas prospectivamente.

6. Oficialização do RoB2 (Risk of Bias v2.0) como instrumento para avaliação da qualidade metodológica dos ensaios clínicos randomizados. Recomenda que a avaliação deve ser feita desfecho por desfecho, de modo que, por exemplo, um mesmo estudo possa apresentar baixo risco de viés para um desfecho e elevado risco de viés para outro desfecho.

7. Introdução do ROBINS-I: instrumento para a avaliação do risco de viés de estudos não-randomizados que avaliaram intervenções em saúde.

8. Planejamento de novos instrumentos de apoio para maior objetividade do processo de seleção de estudos e de extração de dados.

9. Estímulo à inclusão de desfechos relatados por pacientes (Patient Reported Outcomes – PROs) nas revisões sistemáticas.

10. Nova abordagem para viés de publicação, agora chamado de viés devido a resultados faltantes.

11. Continua tendo foco principal em revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados, porém ampliou as orientações sobre estudos não randomizados.

12. Análise: estimula o uso de metanálises em rede como método principal de síntese, porém RevMan ainda não é capaz de fazer isso. Futuras versões do RevMan permitirão a entrada de dados resultantes de metanálise em rede pré-analisados em outro software.

13. Novos métodos para mentanálise pelo modelo dos efeitos randômicos.

14. Novos métodos para metanálise de desfechos contínuos: razão das médias

15. Novo capítulo sobre alternativas a metanálises tradicionais, quando não se deseja ou quando não é apropriado se realizar metanálise => Sugestão de formatos de apresentação para síntese qualitativa das evidências, inclusive novos tipos de gráficos.

 

16. Introdução ao termo “complexidade das intervenções”, para lembrar que considerações sobre complexidade de intervenções podem ser necessárias algumas vezes mesmo para intervenções que aparentam ser simples, como pílulas.

3 dimensões de complexidade de intervenções a serem consideradas:

Dimensão 1: Intervenções com múltiplos componentes

Dimensão 2: Intervenções em que ocorre significativa interação entre a intervenção e seu contexto

Dimensão 3: Intervenções introduzidas em sistemas complexos

17. Reconhecimento de que a complexidade das intervenções pode ser uma fonte para a heterogeneidade em metanálises.

18. Oferece modelos lógicos sobre como considerar as diferentes classes de intervenções e de populações

19. Oferece aconselhamento sobre quando a realização de síntese (metanálise) pode não estar indicada.

20. Recomendações aos autores sobre como abordar o assunto da equidade, levando em consideração a distribuição dos efeitos das intervenções dentro das populações.

Confira o manual completo em: https://training.cochrane.org/handbook/current

Médico internista e epidemiologista, pesquisador clínico, empreendedor, educador.

Publicado em Conteúdo Teórico, Notícias
Um comentário sobre “Conheça as 20 principais mudanças na versão 6 do Manual da Cochrane Collaboration para Revisões Sistemáticas
  1. Flavia elias disse:

    Gostei de ler as diferencas entre os manuais
    obrigada

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